CARACTERES IDENTIFICATIVOS
A codorniz é uma das espécies cinegéticas preferidas dos caçadores portugueses. É uma ave solitária, pequena (17/18 cm) e de voo rápido, sendo mais fácil ouvi-la do que vê-la. Caminhando pelo campo pode acontecer levantar voo aos nossos pés, pois apenas abandona a camuflagem do solo quando é quase pisada. Tem uma coroa preta e branca, o abdómen branco e o resto do corpo com tonalidades castanhas com riscas claras.
É o mais pequeno galináceo europeu, o único com hábitos migratórios e pode ser brevemente descrito como "um perdigoto de algumas semanas".
A cor geral de ambos os sexos é a parda, com o dorso e flancos listados. O macho apresenta a garganta com riscas negras, enquanto que a fêmea a tem amarelada, sem riscas e apresenta o peito muito manchado.
É uma ave de observação difícil, levanta com bastante dificuldade, num voo curto e baixo. O contacto auditivo é o mais vulgar, sendo o seu canto bastante característico e invulgarmente forte.
DISTRIBUIÇÃO
A codorniz é uma migradora parcial. O seu ciclo migratório é bastante complexo. Além de longos, médios e curtos migradores, há também indivíduos sub-sedentários.
Em Portugal, a chegada das primeiras vagas migratórias ocorre a partir de Março com um máximo em Abril/Maio, sendo que as vagas migratórias de Outono se iniciam em Agosto, sucedendo-se até Dezembro, com uma quebra em Novembro.
HABITAT E ALIMENTAÇÃO
Paisagens abertas, planas ou ligeiramente onduladas, dando preferência a espaços com coberto vegetal complexo, geralmente inferior a 1 m de altura. O habitat original seria do tipo estepário, mas adaptou-se bem aos grandes espaços agrícolas e suas culturas.
A codorniz alimenta-se de sementes, invertebrados e plantas verdes. A sua proporção no regime alimentar varia com o estado de desenvolvimento e ciclo anual desta espécie. Os jovens recém-nascidos são predominantemente insectívoros. Depois de quatro semanas de vida, a dieta é idêntica à dos adultos e fundamentalmente granívora. Durante a fase de reprodução, o consumo de invertebrados, em especial por parte das fêmeas, aumenta consideravelmente.
COMPORTAMENTO E REPRODUÇÃO
A codorniz nidifica em áreas tradicionais de reprodução (2 a 10 ha). O ninho é construído com vegetação adventícia, geralmente na margem ou próximo de parcelas agrícolas. Faz o ninho numa cavidade do solo, entre Abril e Maio, onde põe entre 7 e 12 ovos cor creme com manchas castanhas, que são incubados pela fêmea durante 23/25 dias, com uma taxa de eclosão de cerca de 97%, sendo a taxa de sobrevivência aos 2 meses de 40%. É de esperar duas posturas por ano. Em Portugal, o período reprodutivo é longo, sucedendo o pico de reprodução entre Junho e Agosto.
ORDENAMENTO DA ESPÉCIE
A codorniz é uma espécie cinegética muito apreciada, existindo caçadores verdadeiramente especializados na sua caça. Algumas práticas agrícolas, pastorícia, tratamentos fito-sanitários e técnicas de cultivo condicionam a utilização do habitat e influenciam negativamente a distribuição das populações. Para minimizar estes impactos:
Favoreça a diversidade do habitat tipo, implantando pequenas parcelas com culturas forrageiras destinadas à fauna ou pequenas áreas sem mecanização agrícola.
Use de cuidados especiais nas ceifas das colheitas, sendo preferível ceifar de dentro para fora ou realizá-la por faixas. É aconselhável a colocação de dispositivos na frente de tractores ou de ceifeiras mecânicas que afugentem os animais escondidos nas searas; se possível realize os cortes a mais de 30
cm de altura.
Não abuse dos pesticidas e herbicidas, sendo aconselhável a utilização de produtos com baixa toxicidade para a fauna selvagem e deixe uma faixa exterior sem tratamento.
O tratamento dos terrenos marginais deve ser evitado.
Utilize menores densidades de sementes nas margens das parcelas a cultivar.
É desaconselhável realizar a queima dos restolhos. Caso o faça é preferível realizá-la por faixas e não em círculos a fim de possibilitar a fuga de animais.
Evite que os cães e os gatos vagueiem pelos campos.
Lembre-se que não pode utilizar para fins cinegéticos ou de repovoamento exemplares da codorniz japonesa ou híbridos desta. O efeito negativo destes sobre as populações autóctones é amplamente reconhecido
A CODORNIZ PERANTE A LEI
PERÍODO
O período venatório prolonga-se de Setembro a Dezembro.
PROCESSOS DE CAÇA
Os processos de caça autorizados para a codorniz são: de salto e de cetraria.
LOCAIS E OUTROS CONDICIONALISMOS
Em terrenos cinegéticos não ordenados, a caça à codorniz no mês de Setembro só é permitida nos locais e nas condições definidos por edital.
CALENDÁRIO VENATÓRIO
Por factores de ordem biológica, dentro dos limites referidos, é estabelecido por portaria, para cada época venatória:
• A data de início e fim do período venatório;
• Os processos de caça;
• Os limites diários de abate.
ZONAS DE CAÇA
Nas zonas de caça, para além das limitações gerais estabelecidas por lei, a caça a esta
espécie está sujeita a normas especiais de acordo com os respectivos planos de gestão,
de ordenamento e de exploração.
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