sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Interdição de caça alargada às ilhas de Santa Maria e Faial

A Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente, através da Direção Regional dos Recursos Florestais, decidiu alargar a proibição de caça a Santa Maria e ao Faial devido à Doença Hemorrágica Viral (DHV) dos coelhos, assim como determinar a aplicação de medidas preventivas que têm revelado resultados positivos nas ilhas em que estão a ser aplicadas.

Para conter a disseminação do vírus e os níveis de mortandade entre as populações de coelhos têm sido promovidas ações destinadas a informar a população e os caçadores sobre como atuar, apelando-se a que os Serviços Florestais locais sejam imediatamente avisados de animais encontrados mortos para procederem à sua recolha e registo.

Além do controle e da realização diária de vistorias e da recolha e eliminação dos cadáveres, como forma de eliminar potenciais focos infeciosos, a colocação de editais informativos em locais públicos, como portos e aeroportos, proibindo o trânsito de coelhos e seus derivados no interior do arquipélago e para o exterior, são outras das medidas agora aplicadas em Santa Maria, onde foram encontrados 144 coelhos mortos, e no Faial, onde foram recolhidos sete animais.

A implementação destas iniciativas tem permitido, até à data, uma evolução positiva na contenção dos efeitos do surto da virose hemorrágica detetada nas ilhas Graciosa, onde desde o final do mês de dezembro não são encontrados animais mortos, e nas Flores, São Jorge, Terceira e São Miguel.

Na Terceira, onde foram recolhidos 1.371 animais até esta quarta-feira, desde o dia 11 de fevereiro que não se encontram coelhos mortos, e em São Jorge, onde se recolheram 1.620 animais, não são encontrados coelhos mortos desde o dia 2 de fevereiro.

Nas Flores, onde se verificou o maior número de coelhos infetados (6.860), desde o dia 11 de fevereiro que não são encontrados animais mortos.

Em São Miguel, aguardando-se ainda os resultados dos testes laboratoriais, foram recolhidos 196 coelhos.

Esta espécie não existe no Corvo e na ilha do Pico não foi detetado nenhum caso até ao momento.

A atividade venatória ficará suspensa até que a DHV seja considerada extinta e os seus efeitos na população local de coelho-bravo sejam devidamente avaliados.

A Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente recorda que esta doença, apesar de muito contagiosa para os coelhos (bravos e domésticos), não é de modo algum transmissível aos seres humanos ou a outras espécies animais, mas considera-se que não se devem consumir coelhos eventualmente infetados.

Fonte: Governo dos Açores

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Aumenta a caça furtiva em Portugal

A caça furtiva não para de aumentar, são cada vez mais frequentes as armadilhas ilegais montadas para capturar os animais. Para tentar travar o problema o Governo quer alterar a lei. A questão da vigilância e fiscalização é um dos pontos que o executivo quer resolver com as mudanças na lei da caça.


Fonte: Porto Canal

Viseu - Detenção por caça ilegal


Militares do Núcleo de Proteção Ambiental do Destacamento Territorial de Viseu detiveram, no dia 15, na Zona de Caça Municipal de Silgueiros, um individuo de 66 anos, pelo crime de caça por meios e processos não autorizados. Foi apreendida uma arma de caça, 17 cartuchos e equipamento de som.

Fonte: GNR

Interdição de caça alargada à ilha de São Miguel

A Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente, através da Direção Regional dos Recursos Florestais, decidiu proibir, preventivamente, a caça na ilha de São Miguel devido ao surgimento de um significativo número de coelhos bravos mortos nos últimos quatro dias e enquanto se aguarda o resultado das análises para apurar as causas dessa mortandade.
À semelhança do que foi determinado para as ilhas Graciosa, Flores, São Jorge e Terceira, os serviços das direções regionais dos Recursos Florestais e da Agricultura vão promover ações de informação junto da população sobre os comportamentos a adotar, nomeadamente no que se refere à promoção de boas práticas para impedir a disseminação do vírus, caso se confirme laboratorialmente a suspeita da Doença Hemorrágica Viral dos Coelhos.
A implementação destas iniciativas tem permitido uma evolução positiva na contenção dos efeitos do surto da virose hemorrágica detetada na ilha Graciosa, onde já não se encontram coelhos mortos desde o dia 29 de dezembro.
Na Terceira, foram até à data recolhidos 1.370 coelhos mortos, em São Jorge 1.620 e nas Flores, ilha que regista a mortandade mais elevada, 6.860 coelhos mortos.
Além do controle e da realização diária de vistorias e da recolha e eliminação dos cadáveres, como forma de eliminar potenciais focos infeciosos, vai ser distribuído um folheto informativo sobre a forma de atuar perante a deteção de animais mortos, apelando-se a que os Serviços Florestais locais sejam imediatamente avisados para a sua recolha e registo.
A Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente reafirma que esta doença, apesar de muito contagiosa para os coelhos (bravos e domésticos), não é de modo algum transmissível aos seres humanos ou a outras espécies animais, mas considera-se que não devem ser consumidos coelhos eventualmente infetados.
GaCS/OG
Fonte: Governo dos Açores

Apreenção de 150 coelhos bravos para repovoamento


A GNR, através do Núcleo de Protecção Ambiental (NPA) do Destacamento Territorial de Braga, apreendeu cerca de 150 coelhos bravos trazidos de Espanha e que alegadamente se destinam à introdução em zonas de caça associativa, situação que configura o crime de dano contra a natureza.
Os coelhos foram apreendidos por falta de documentação que ateste a qualidade sanitária, apurou o ‘Correio do Minho’.

Os animais foram apreendidos, bem como as jaulas e a viatura em que eram transportados, anteontem numa acção de fiscalização realizada pelo NPA em Braga.

O cidadão que transportava os animais, com cerca de 50 anos de idade e residente em Vila Verde, incorre em pelo menos uma contra-ordenação relacionada com a falta de ‘atestado’ de sanidade dos animais, a que se soma ainda a inexistência de documentos de transporte.

De acordo com o que foi possível apurar, o indivíduo já é reincidente neste tipo de contra-ordenação.

Os 150 animais foram apreendidos à ordem do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

Fonte do ICNF revelou ao ‘Correio do Minho’ que se houvesse flagrante delito no momento da introdução dos animais no meio selvagem haveria lugar à detenção, já que esse acto configura o crime de dano contra a natureza.

No ‘mercado’, estas espécies trazidas de Espanha são mais baratas que as autóctones, o que explica este tipo de tráfico.

Por outro lado, estes coelhos, sem controlo sanitário, quando introduzidos no meio selvagem, cruzam-se com as espécies autóctones e acabam por propagar doenças e pragas, explicou a mesma fonte.

Fonte: Correio do Minho

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Raposa - Vulpes vulpes















IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

É um dos mais conhecidos e comuns carnívoros da fauna mundial. Oportunista e cosmopolita, é um caso de sucesso global.
A Raposa (Vulpes vulpes) é um carnívoro de médio porte, da família dos canídeos, o comprimento do corpo é de 50-75 cm, a cauda tem 35-45 cm e a altura no garrote é de 40 cm. Pesa entre 3-7 Kg sendo as fêmeas ligeiramente mais pequenas, embora não seja evidente um dimorfismo sexual. Apresenta uma silhueta esguia onde sobressai a cauda longa e farta, e uma cabeça pequena, com olhos oblíquos e orelhas grandes, erectas e triangulares. A sua pelagem é avermelhada com tons de cinzento e de castanho, sendo mais curta no Verão e longa e espessa no Inverno. A subespécie que ocorre entre nós, Vulpes vulpes silacea , apresenta uma coloração menos brilhante e é comum a cauda ser cinzenta. A parte de trás das orelhas é preta e a extremidade da cauda é frequentemente branca. As crias nascem cegas e têm uma pelagem castanha escura.


DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Encontra-se em toda a Europa excepto na Islândia. Está ainda presente na Ásia e Norte de África e foi introduzida na América do Norte e na Austrália. Em Portugal está presente em todo o país, podendo inclusivé, tolerar bem a presença humana. Não existem estimativas rigorosas da abundância da espécie no nosso país. É, no entanto, considerada uma espécie comum e abundante, existindo pontualmente alguns locais onde possa ter densidades mais reduzidas.


ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Não ameaçada. É uma espécie cinegética que pode ser caçada sem restrições durante o período venatório. Pode ser controlada em áreas de regime cinegético especial (lei nº 30/86 de 27 de Agosto e decreto-lei nº 251/92 de 12 de Novembro).


HABITAT

Uma grande capacidade de adaptação permite-lhe ocupar praticamente todos os habitats disponíveis (desde as zonas costeiras até às montanhas) de Norte a Sul do país. Tem preferência por mosaicos de áreas agrícolas com zonas mais fechadas (matagais e florestas) que lhe proporcionem zonas de caça, abrigo e reprodução.
O seu habitat estende-se por toda a Península e a sua distribuição na Europa é total, sendo apenas travada por altitudes acima dos 2000 metros.


ALIMENTAÇÃO

É um predador generalista e oportunista que consome pequenos mamíferos (por exemplo coelhos, lebres, ouriços-cacheiros), aves (por exemplo, perdiz e pequenos pássaros), répteis, anfíbios, peixes, insectos (por exemplo, escaravelhos e gafanhotos), e ocasionalmente frutos silvestres e cultivados. Em áreas mais humanizadas pode predar sobre os animais domésticos sendo no entanto os roedores a sua presa principal.Os desperdícios humanos são também procurados em épocas de maior carência, sendo por isso comum aproximarem-se de lixeiras próximas de centros urbanos. Consome cerca de 500 g de alimento por dia. O que não caça e não come no próprio dia esconde para consumo superior. Chega a ter cerca de 20 esconderijos de comida, conseguindo lembrar-se de todos eles. Nas zonas rurais, por vezes assalta os galinheiros, tendo o hábito de matar em excesso, o que lhe vale uma má fama entre essas comunidades. O coelho pode ser uma presa importante quando é muito abundante e/ou quando a mixomatose torna fácil a sua captura. Em período de abundância de presas pode capturar mais do que necessita, enterrando o excedente para consumir posteriormente.


REPRODUÇÃO

O período de acasalamento ocorre entre Dezembro e Fevereiro, o tempo de gestação é de 52-53 dias, nascendo 4-8 crias entre Março e Maio. Tanto o macho como a fêmea participam nos cuidados parentais, estando as crias prontas para uma vida independente no Outono.


MOVIMENTOS

Os juvenis machos têm maior tendência para dispersar e fazem-no, em geral, para mais longe do que as fêmeas (14 contra 6 km). As raposas podem percorrer num dia distâncias que variam entre 3 e 14 km dentro da sua área vital. A dimensão desta pode ser muito variável (diminuindo com a heterogeneidade do meio), com valores médios entre 1-5 km2. Pode no entanto ter valores mais baixos em áreas muito humanizadas ou mais elevados em áreas de montanha.


CURIOSIDADES

Como resposta à pressão cinegética as raposas adquiriram a capacidade de se reproduzirem antes de concluir um ano de idade. Para recuperar as suas populações podem ainda aumentar o tamanho das ninhadas, passando estas a ter uma maior proporção de fêmeas. Estes factores contribuem para que os controlos sobre a espécie se revelem frequentemente ineficazes, acrescendo ainda o facto de que quando se remove um adulto vários juvenis poderem ocupar o seu território.
A raposa é sobretudo nocturna e crepuscular, altura em que procura as presas de que se alimenta. Torna-se mais diurna na época de calor.
Em França tem o nome de renard, na Alemanha de fuchs, no Reino Unido de fox, em Itália de volpe, e em Espanha de zorro.


LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

Existindo em todo o país, a sua observação torna-se difícil por se tratar de um animal de hábitos nocturnos e obviamente evitar os contactos com o Homem (ainda que sejam conhecidos casos em que as raposas se habituam a "visitar" quintas onde os proprietários lhes deixam propositadamente alimento). Um dos métodos utilizados para observação da espécie é a "farolada" que consiste em iluminar à noite o campo com potentes faróis em busca de um par de olhos que brilhem no escuro. Com a ajuda de binóculos será então possível confirmar a espécie a que pertencem. A ajuda de pessoas da região (caçadores, pastores, agricultores), pode ser preciosa, pois geralmente sabem onde os animais têm a sua toca e os melhores sítios para caçar poderão ser também bons locais para a observação da espécie.

Perdiz vermelha - Alectoris rufa





















A perdiz é uma ave terrestre de aspecto arredondado. O cimo da cabeça é cinzento com uma faixa branca comprida que passa por cima dos olhos e listra ocular que se estende pelo pescoço até à barra peitoral malhada, envolvendo o mento e a garganta. Tem os pés e bico vermelho. A garganta, de cor creme, tem uma faixa branca marginada de preto.

Espécie gregária, podendo também ser avistada em grandes bandos, especialmente no fim do Inverno, bandos esses que são desfeitos no início do período reprodutivo. Pode ser encontrada em quase todas as regiões do nosso país, preferindo zonas mais abertas com parcelas de culturas agrícolas e outras de mato mais denso, em que existam pontos de água durante o período mais quente do ano.

Alimenta-se preferencialmente de sementes e rebentos de plantas bravias e agrícolas, consumindo também insectos (componente principal da alimentação dos perdigotos), moluscos e outros invertebrados.

Tem no mimetismo a sua maior defesa, tanto no caso dos adultos como dos perdigotos, e geralmente não usa o voo como meio de fuga, preferindo correr e esconder-se. O voo é normalmente utilizado como último recurso de fuga, voando poucos metros até uma zona com mato mais denso o­nde se possa esconder. O voo da perdiz é geralmente curto e pesado, mas rápido e direito, emitindo um som muito característico (uma das maneiras de a distinguir da perdiz-cinzenta, Perdix perdix).

Aos machos cabe a escolha do território, a sua defesa (são bastante agressivos e não toleram a presença de outros machos). As fêmeas são atraídas através do chamamento característico. A escolha do local para o ninho é normalmente também da responsabilidade do "perdigão".

A dimensão do território varia consoante a disponibilidade de alimento, água e abrigo, e pode variar entre os 1-2 ha até valores acima dos 18 ha. É uma espécie monogâmica, iniciando de uma maneira geral a postura a partir de fins de Abril princípios de Maio a Junho numa pequena depressão no meio de vegetação rasteira.

O número médio da postura ronda os 14 ovos, mas esse número pode ir de 12 a 20. Nalguns casos verificaram-se posturas de mais de vinte ovos, que se pensa corresponderem a situações em que o macho acasalou com mais de uma fêmea (posturas comunais). Os ovos são incubados pela fêmea durante 23 a 26 dias. As fêmeas mais velhas tendem a realizar a postura mais cedo. É frequente a construção de dois ninhos consecutivos (duas posturas sucessivas) em que o macho fica encarregue da incubação de um ninho.

A percentagem de ninhos bem sucedidos andará à volta de 45%, fruto da destruição de ninhos por predadores ou pela acção do Homem (e alguns abandonados, dada a sensibilidade da perdiz na altura do choco). Se esta destruição for precoce, a fêmea pode construir outro ninho (postura de substituição) sendo a produtividade desta menor.

A percentagem de ovos eclodidos é em regra geral elevada (sendo menor nas segundas posturas, normalmente devido ao calor).

Na altura da incubação, o efeito de uma população excessiva (principalmente um elevado número de machos) pode ter como consequência uma diminuição do sucesso reprodutivo, pois os machos comportam-se de forma agressiva com as fêmeas chocas, levando-as a abandonar o ninho.

Como é uma espécie nidífuga, os perdigotos abandonam o ninho à nascença, permanecendo a ninhada junto da fêmea. O primeiro voo ocorre normalmente por volta das seis semanas de idade, estando nesta altura os juvenis menos dependentes da progenitora. Nesta altura a fraca disponibilidade de pontos de água e abrigos naturais pode diminuir a taxa de sobrevivência, pois obriga as ninhadas a percorrer maiores distâncias.

O sucesso reprodutivo pode ser avaliado através do índice jovem/adulto no fim do Verão (Agosto). Este índice pode variar desde os 0,5 até valores superiores a 4. Em Portugal são comuns valores entre os 2,5 e os 3,5. Contudo este índice varia muito de ano para ano (por exemplo devido a condições climatéricas adversas – verão mais quente e seco), e por isso a sua análise tem de ser cuidada.

No início do Outono poderão ser vistos grupos com 5 a 6 indivíduos (ou seja, dois progenitores e a sua prole), grupos estes que formarão os grandes bandos, que podem ter mais de vinte indivíduos, que se avistam no Outono e Inverno.

A densidade de perdizes depende das características do habitat, do clima, da predação e da pressão cinegética. Em Portugal são normais os valores desde os 0,01 até 1 perdiz por ha (situação excepcional pois foi verificada na Tapada da Ajuda em Lisboa). O valor médio andará por volta das 0,1 a 0,2 perdizes por hectare. Conhecem-se contudo situações em Espanha o­nde foram caçadas cerca de 5000 perdizes num couto com 1600 ha.

Os principais predadores são a raposa (Vulpes vulpes), o ginete, o gato-bravo, alguns rapináceos, o javali (Sus scrofa) e os corvídeos, estes últimos predando principalmente os ninhos e perdigotos. É de salientar ainda o efeito predador de alguns animais domésticos e assilvestrados, que muitas vezes são responsáveis pela destruição de ninhadas inteiras, especialmente os cães e gatos, causando prejuízos avultados.

A actividade do Homem pode também ser a causa da diminuição da densidade de perdizes num dado local, e mesmo do seu desaparecimento. São frequentes situações em que os agricultores e pastores têm pouco cuidado, sendo responsáveis pela destruição de ninhos e pela morte de ninhadas provocadas por máquinas agrícolas e pela perturbação causada pelos rebanhos. Estas situações podiam ser muitas vezes evitadas, bastando para tal manter a tranquilidade de zonas com elevada densidade de perdizes na altura do choco, atrasando alguns dias as práticas referidas.

Esta espécie gosta de zonas sem grande coberto para caminhar, pois conseguem assim detectar a presença de predadores, são por isso avistadas com frequência nos asseiros e caminhos rurais. A existência de pontos de água (charcas, pequenas barragens e cursos de água) é também favorável à ocorrência de perdizes (bem como de toda a fauna bravia), pois ajuda as famílias a passar os meses mais quentes do ano.

Parece ter alguma preferência por zonas em que a presença de sebes, caminhos e muros é maior, pois junto a estes desenvolve-se uma estrutura de vegetação que, para além de bom local para o ninho, proporciona alimento e local de abrigo.

Para além da diminuição de habitat e da pressão cinegética (muitas vezes associada a uma gestão pouco racional) as nossas populações bravias estão a diminuir devido a repovoamentos mal feitos, muitas das vezes recorrendo a indivíduos de cativeiro de má qualidade, causando um novo tipo de perturbação, a poluição genética, pois estamos a perder as características da nossa perdiz ao cruzá-la com indivíduos de outras espécies.

Nos terrenos de regime livre, o­nde não existe gestão cinegética (para além das restrições de calendário e de exemplares caçados), esta bela ave praticamente desapareceu. Nas zonas o­nde foram implementadas Zonas de Caça (principalmente turísticas) a população de perdizes parece estar a aumentar, resultado de algumas medidas de gestão implementadas com sucesso, de uma diminuição (e controlo) da perturbação e devido a uma gestão mais eficaz da pressão cinegética.

Como exemplo de algumas medidas (umas de mais fácil implementação que outras) que podem favorecer as populações de perdiz podemos salientar:
- a manutenção de pontos de água (a construção de pequenas charcas);
- comedouros e bebedouros;
- evitar sempre que possível o corte de culturas forrageiras nos locais de maiores densidades (ou exercer uma perturbação regular entre Janeiro e Março nas folhas destinadas a serem gadanhadas, ou ainda semear com densidades elevadas;
- montagem de uma barra com correntes suspensas (espanta caça) à frente da gadanheira;
- repovoamentos;
- culturas para a fauna;
- disponibilidade elevada de locais (ou zonas) de abrigo;
- controle de predadores, principalmente a raposa e a pegas (Pica pica e Cyanopica cyana).

Assim, é uma espécie que carece de medidas adequadas a uma gestão sustentada de um recurso importante não só para a economia regional, mas também para a conservação de muitas outras espécies (não só de predadores, mas também espécies com necessidades semelhantes às da perdiz).

Lebre - Lepus capensis


Com alguma frequência confundida com o coelho, a lebre distingue-se contudo facilmente desse outro lagomorfo pelo tamanho superior (50 a 70 cm e um peso entre 2 e 7 kg), pela cor amarelo-acastanhado (mais acentuada nas partes superiores) e sobretudo pelas grandes orelhas, maiores que o comprimento da cabeça e negras na extremidade. Outras das características mais notáveis na lebre é o grande comprimento dos seus membros posteriores, o que lhe permite adquirir velocidades na ordem dos 60 km por hora.

Além disso, também nada bem e trepa sem dificuldades. Os olhos, posicionados lateralmente, possibilitam um campo de visão de quase 360º. Um excelente sentido do olfacto e umas orelhas compridas que possibilitam uma boa audição, permitem a localização a grande distância. Estas características, aliadas à  sua velocidade, permitem-lhe escapar aos seus predadores com alguma facilidade. Além disso, quando se alimenta passa quase despercebida, já que baixa as orelhas horizontalmente sobre o dorso e se mantém agachada junto ao solo. Assim, a sua principal causa de declínio prende-se com a caça, já que é uma espécie cinegética muito apreciada, e com a actividade agrícola (utilização de máquinas, que destroem as tocas, e herbicidas).  Sendo uma espécie herbívora, a base da sua alimentação é constituída por ervas e colheitas agrícolas. É um animal solitário que habita quer em bosques protegidos quer em terrenos abertos, com vegetação adequada.   Normalmente tem uma a três ninhadas por ano; o período de gestação é de 42 a 44 dias e a ninhada é constituída por uma ou duas crias (raramente três),com cerca de 100g de peso, que, ao contrário dos coelhos,  nascem já de olhos abertos e com pêlo, sendo amamentadas até às três semanas. Alcançam o peso de adulto aproximadamente aos 150 dias. O macho atinge a maturidade sexual aos seis meses e a fêmea aos 7/8 meses. Vive um máximo de 9 anos.

Faisão - Phasianus colchichus

FêmeaMacho


ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO

Originário da Ásia, o Faisão Comum (Phasianus colchicus) foi trazido para a Europa pelos Gregos na antiguidade. Actualmente podemos encontra-lo na Europa, América do Norte e Nova Zelândia gerando uma fonte de riqueza nos países onde é explorado de forma racional.


MORFOLOGIA E BIOLOGIA DA ESPÉCIE

Esta é uma espécie com um marcado dimorfismo sexual. O macho é vivamente colorido enquanto a fêmea possui uma coloração muito mais discreta.
É uma espécie de planície e de baixa altitude, gostando de meios diversificados que comportem culturas, bosques e zonas húmidas.
Os adultos são polífagos, consumindo uma enorme variedade de plantas e pequenos animais (vermes insectos moluscos e pequenos vertebrados). Os jovens nas primeiras semanas de vida são essencialmente insectívoros.
É uma ave diurna, procura o alimento à vista, é portanto pouco activo nas horas crepusculares.


REPRODUÇÃO

O acasalamento ocorre entre um macho e uma ou duas fêmeas a partir de meados de Março. O ninho não é mais que uma cova feita pela fêmea, forrada com erva, situada numa zona de vegetação baixa e densa ou no meio desta, onde a camuflagem natural da fêmea dificulta a sua visualização pelos predadores enquanto chocam os ovos.  A postura é de oito a doze ovos com um período de incubação de 23 dias. Os juvenis abandonam o ninho ao fim de poucas horas já capazes de correr rapidamente e de se esconderem entre a vegetação. Com 10 ou 12 dias já podem voar, mas mantêm-se ainda cerca de um mês sob a tutela dos pais. Em adultos são bastante relutantes para voar. A expectativa de vida é de 12 a 13 anos.


APTIDÃO A NOVOS HABITATS

- A Serra, normalmente zonas mais ou menos pedregosas, com declives acentuados e vegetação do estrato arbustivo composta principalmente por tojo, giesta, urze ou carqueja. Neste habitat, procedendo-se à sua melhoria principalmente através da recuperação de antigos terrenos de cultivo, há um forte potencial.
- A Veiga (zonas baixas) é uma zona de várzea onde predomina a agricultura convencional, os terrenos de cultivo estão intercalados por parcelas incultas e pequenos bosques de folhosas com Amieiros, Salgueiros e Carvalhos infestados de silvas. Esta distribuição das parcelas forma uma paisagem denominada de mosaico. São zonas bastante húmidas, por vezes alagadas no Inverno.
Considerando, por exemplo, estes dois tipos de habitat distintos, verificados sobretudo na região de Entre Douro e Minho, entende-se que a veiga terá melhor aptidão para o faisão. Este tem melhor poder de adaptação ao meio e defende-se melhor dos predadores e do homem por procurar como refugio o denso coberto vegetal que encontra nos bosques. Por vezes é possível vê-los empoleirar-se para passarem a noite em maior segurança a salvo das raposas e cães assilvestrados.
O faisão parece ter também maior resistência às agressões causadas pela agricultura convencional, nomeadamente pelas utilizações indiscriminadas de fitofármacos.
O faisão se for solto na Serra rapidamente procura as zonas mais baixas, as de veiga para ai se estabelecer.

Coelho-bravo - Oryctolagus cuniculus.














O Coelho-Bravo é uma das espécies cinegéticas portuguesas de maior importância e constitui, juntamente com a perdiz, a caça por excelência para o caçador português; um dos motivos para esta situação é sem dúvida na facilidade com que se reproduz e nos elevados números que as suas populações podem atingir.
Pode dizer-se que, no nosso país, o coelho se encontra distribuído por quase todo o território.
É um pequeno herbívoro (cerca de 40 cm de comprimento) de cor cinzenta com laivos amarelos acastanhados na nuca e nas patas, face anterior esbranquiçada; as orelhas são relativamente curtas (menores que o comprimento da cabeça). Corre em apertados ziguezagues.


HABITAT E ALIMENTAÇÃO

Vive em zonas em que o mato é abundante, preferindo os terrenos secos e arenosos, mais fáceis para a construção das tocas.
A alimentação é constituída essencialmente por plantas herbáceas, raízes, caules e mesmo cascas suculentas de algumas árvores.


COMPORTAMENTO E REPRODUÇÃO

São animais da hábitos nocturnos e crepusculares, embora sejam vistos muitas vezes durante o dia. Vivem em colónias, em galerias extensas e muito ramificadas.
A fêmea; quando prenhe, escava uma toca especial, uma galeria simples e profunda situada perto da colónia, com uma única abertura e forrada com pêlo que arranca do seu próprio abdómen. Depois do nascimento dos filhos (láparos), a fêmea sempre que se ausenta da toca tapa a abertura com terra para os machos não entrarem. Três semanas após o nascimento, muda os filhos para a toca normal.
Pode considerar-se que o coelho se reproduz durante quase todo o ano, embora exista uma época bem marcada em que a reprodução é mais intensa de Março até Maio.
O período de gestação é de 28 a 30 dias e, em média, cada fêmea tem 3 a 5 ninhadas por ano, produzindo em geral por ninhada 2 a 7 láparos, cegos, surdos, e sem pêlo, pesando cerca de 60g (valor que duplica ao fim de 2 dias). O aparelho auditivo está completamente desenvolvido aos 8 dias e abrem os olhos aos 10 dias.
Com 6 meses de vida os coelhos são adultos estando aptos a reproduzirem-se.
É uma espécie que tem grande longevidade, podendo viver até aos 10 anos.

Codorniz - Coturnix coturnix.


CARACTERES IDENTIFICATIVOS

A codorniz é uma das espécies cinegéticas preferidas dos caçadores portugueses. É uma ave solitária, pequena (17/18 cm) e de voo rápido, sendo mais fácil ouvi-la do que vê-la. Caminhando pelo campo pode acontecer levantar voo aos nossos pés, pois apenas abandona a camuflagem do solo quando é quase pisada. Tem uma coroa preta e branca, o abdómen branco e o resto do corpo com tonalidades castanhas com riscas claras.
É o mais pequeno galináceo europeu, o único com hábitos migratórios e pode ser brevemente descrito como "um perdigoto de algumas semanas".
A cor geral de ambos os sexos é a parda, com o dorso e flancos listados. O macho apresenta a garganta com riscas negras, enquanto que a fêmea a tem amarelada, sem riscas e apresenta o peito muito manchado.
É uma ave de observação difícil, levanta com bastante dificuldade, num voo curto e baixo. O contacto auditivo é o mais vulgar, sendo o seu canto bastante característico e invulgarmente forte.


DISTRIBUIÇÃO

A codorniz é uma migradora parcial. O seu ciclo migratório é bastante complexo. Além de longos, médios e curtos migradores, há também indivíduos sub-sedentários.
Em Portugal, a chegada das primeiras vagas migratórias ocorre a partir de Março com um máximo em Abril/Maio, sendo que as vagas migratórias de Outono se iniciam em Agosto, sucedendo-se até Dezembro, com uma quebra em Novembro.



HABITAT E ALIMENTAÇÃO

Paisagens abertas, planas ou ligeiramente onduladas, dando preferência a espaços com coberto vegetal complexo, geralmente inferior a 1 m de altura. O habitat original seria do tipo estepário, mas adaptou-se bem aos grandes espaços agrícolas e suas culturas.
A codorniz alimenta-se de sementes, invertebrados e plantas verdes. A sua proporção no regime alimentar varia com o estado de desenvolvimento e ciclo anual desta espécie. Os jovens recém-nascidos são predominantemente insectívoros. Depois de quatro semanas de vida, a dieta é idêntica à dos adultos e fundamentalmente granívora. Durante a fase de reprodução, o consumo de invertebrados, em especial por parte das fêmeas, aumenta consideravelmente.


COMPORTAMENTO E REPRODUÇÃO

A codorniz nidifica em áreas tradicionais de reprodução (2 a 10 ha). O ninho é construído com vegetação adventícia, geralmente na margem ou próximo de parcelas agrícolas. Faz o ninho numa cavidade do solo, entre Abril e Maio, onde põe entre 7 e 12 ovos cor creme com manchas castanhas, que são incubados pela fêmea durante 23/25 dias, com uma taxa de eclosão de cerca de 97%, sendo a taxa de sobrevivência aos 2 meses de 40%. É de esperar duas posturas por ano. Em Portugal, o período reprodutivo é longo, sucedendo o pico de reprodução entre Junho e Agosto.


ORDENAMENTO DA ESPÉCIE

A codorniz é uma espécie cinegética muito apreciada, existindo caçadores verdadeiramente especializados na sua caça. Algumas práticas agrícolas, pastorícia, tratamentos fito-sanitários e técnicas de cultivo condicionam a utilização do habitat e influenciam negativamente a distribuição das populações. Para minimizar estes impactos:
Favoreça a diversidade do habitat tipo, implantando pequenas parcelas com culturas forrageiras destinadas à fauna ou pequenas áreas sem mecanização agrícola.
Use de cuidados especiais nas ceifas das colheitas, sendo preferível ceifar de dentro para fora ou realizá-la por faixas. É aconselhável a colocação de dispositivos na frente de tractores ou de ceifeiras mecânicas que afugentem os animais escondidos nas searas; se possível realize os cortes a mais de 30
cm de altura.
Não abuse dos pesticidas e herbicidas, sendo aconselhável a utilização de produtos com baixa toxicidade para a fauna selvagem e deixe uma faixa exterior sem tratamento.
O tratamento dos terrenos marginais deve ser evitado.
Utilize menores densidades de sementes nas margens das parcelas a cultivar.
É desaconselhável realizar a queima dos restolhos. Caso o faça é preferível realizá-la por faixas e não em círculos a fim de possibilitar a fuga de animais.
Evite que os cães e os gatos vagueiem pelos campos.
Lembre-se que não pode utilizar para fins cinegéticos ou de repovoamento exemplares da codorniz japonesa ou híbridos desta. O efeito negativo destes sobre as populações autóctones é amplamente reconhecido



A CODORNIZ PERANTE A LEI

PERÍODO
O período venatório prolonga-se de Setembro a Dezembro.
PROCESSOS DE CAÇA
Os processos de caça autorizados para a codorniz são: de salto e de cetraria.
LOCAIS E OUTROS CONDICIONALISMOS
Em terrenos cinegéticos não ordenados, a caça à codorniz no mês de Setembro só é permitida nos locais e nas condições definidos por edital.
CALENDÁRIO VENATÓRIO
Por factores de ordem biológica, dentro dos limites referidos, é estabelecido por portaria, para cada época venatória:
• A data de início e fim do período venatório;
• Os processos de caça;
• Os limites diários de abate.
ZONAS DE CAÇA
Nas zonas de caça, para além das limitações gerais estabelecidas por lei, a caça a esta
espécie está sujeita a normas especiais de acordo com os respectivos planos de gestão,
de ordenamento e de exploração.

Legislação armas

REGIME JURÍDICO DAS ARMAS E MUNIÇÕES
Lei n.º 5/2006, de 23 de Fevereiro

Aprova o novo regime jurídico das armas e suas munições

Legislação caça

Portaria n.º 133/2011, de 04 de Abril

Aprova o Regulamento para o Funcionamento das Zonas de Caça Municipais, revogando a Portaria n.º 545/2008, de 27 de Junho

Legislação caça

Portaria 1119/2008, de 3 de Outubro

São criadas áreas de refúgio de caça, em todos os terrenos que integravam ZCM.

Legislação caça


Portaria 545/2008, de 27 de Junho

Regulamento para o Funcionamento das ZCM.

Legislação caça


Portaria 465/2001, de 8 de Maio

Criação de campos de treino de caça.

Legislação Caça


Portaria 464/2001, de 8 de Maio

Autoriza, para fins científicos e didácticos, a reprodução, criação e detenção em cativeiro de certas espécies e subespécies cinegéticas.

Legislação caça


Portaria 463/2001, de 8 de Maio

Restringe a comercialização, a detenção, o transporte e a exposição ao público, para fins de comercialização de exemplares mortos, de certas espécies cinegéticas.

Legislação Caça

Portaria 1103/2000, de 23 de Novembro

Define os modelos e as condições de colocação das tabuletas e sinais, a utilizar na delimitação de áreas de protecção, os aparcamentos de gado, áreas de refúgio, campos de treino de caça, zonas de caça e de áreas sujeitas ao direito à não caça.

Legislação Caça

REGULAMENTO LEI DE BASES GERAIS DA CAÇA
DL n.º 202/2004, de 18 de Agosto


Estabelece o regime jurídico da conservação, fomento e exploração dos recursos cinegéticos, com vista à sua gestão sustentável, bem como os princípios reguladores da actividade cinegética.
Regulamenta a Lei de Bases Gerais da Caça.